Sans-titre de Raimund Hoghe
Programação São Luiz Teatro Municipal
2 > 3 novembro às 21h00
São Luiz Teatro Municipal, Sala Luis Miguel Cintra
Este já conta como um. É quase um manifesto. Ouve-se o batalhão dos que não têm exatamente o direito de estar presentes: sem patente, indocumentados, sem títulos de permanência, em trânsito entre dois países, dois mundos, duas culturas… Apercebemo-nos também da referência às artes plásticas: sem título para nomear o que não tem nome em nenhuma língua, o inominável ou a forma que se emancipa do enquadramento acomodado, imagem que escapa à imagem para agarrar mais ainda a atenção. Para Raimund Hoghe criar é um ato empenhado. “Escolhi o Faustin, refere, porque apesar das nossas diferenças, que estão à vista, une-nos uma ligação invisível e forte como uma fraternidade que já existia sem sabermos: recusamos fazer-nos de vítimas ou encostar-nos ao nosso passado. A criação é uma luta que serve para manter os nossos sonhos vivos.” Mais do que um encontro entre África e o Ocidente, Raimund Hoghe diz que concebe Sans-titre como um confronto, não deixando de destacar, por exemplo, o quanto as pessoas de origem africana estão ausentes no público dos nossos teatros europeus. “É por isso, explica Raimund Hoghe, que escolhi utilizar a música clássica, símbolo absoluto da cultura europeia – sem dúvida Bach ou Purcell – como um contraponto… ou um hiato. O que Faustin aceitou: “Esta peça, confessa, será mais política do que estética. É inevitável.” Cie. Raimund Hoghe
Conceção e coreografia: Raimund Hoghe; Com: Faustin Linyekula, Raimund Hoghe; Colaboração artística: Luca Giacomo Schulte; Desenho de Luz: Raimund Hoghe; Produção: Cie Raimund Hoghe