DCSIMG more more more… future ARTISTA NA CIDADE 2016

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Programação Fundação Calouste Gulbenkian
10 > 11 novembro — 21h00
Fundação Calouste Gulbenkian, Grande Auditório

© Agathe Poupeney

© Agathe Poupeney

“Há vários anos que o ndombolo persegue as minhas criações… Filha bastarda da rumba, dos ritmos tradicionais, das fanfarras de domingo na igreja e do funk da Sex Machine, traficada pelas cervejarias locais (esse cantor será Primus, será Skol ou nada), a pop congolesa transborda de tesouros de energia e de trechos intermináveis… Os concertos estão marcados para as 21h00, mas não cheguem antes da meia-noite e preparem-se para ficar até de manhãzinha… quando os transportes recomeçam na Kin adormecida. Invade-nos então essa sonoridade, esse som gordo, bem saturado, os trechos que conhecemos de cor, bebemos, cerveja, está claro (Primus ou Skol, sempre a mesma história…), saboreamos espetadas, pomo-nos no engate, dançamos. Os músicos entram e saem de cena… e cantam a sua própria glória, o poder, a beleza, as belas mulheres e as belas coisas, as roupas de marca, os carros último modelo… uma vida sonhada, a das séries de televisão e dos clipes americanos de R&B. Como se as coisas fizessem sentido num país em que tudo tem de ser reconstruído todas as manhãs… Porque não então aproveitar a energia extraordinária das guitarras e das vozes, não para alimentar sonhos tão frágeis como os lenços de papel baratos, vendidos nas ruas de Kinshasa que se desfazem nas frontes suadas, mas para narrar as dificuldades, os impasses, os erros, o paupérrimo legado dos nossos pais… Penso na energia dos movimentos punk na Europa ou nos Estados Unidos das décadas de 1970 e 1980… Como os jovens se apropriaram da música para tudo demolir numa sociedade sentenciada como sem futuro… É difícil para nós recusar um futuro que nunca tivemos, é difícil destruir ainda mais o nosso monte de ruínas; limitemo-nos pois a sonhar com os pés bem assentes na terra, a construir um pouco mais de futuro sobre estas ruínas…”

Direção artística: Faustin Linyekula; Criação musical: Flamme Kapaya; Músicos: Patou «Tempête» Kayembe, Le Coq, Pasnas + um baixista e um guitarrista (nomes a confirmar); Bailarinos: Dinozord, Papy Ebotani, Faustin Linyekula; Figurinos: Xuly Bët, Paris; Textos: Antoine Vumilia Muhindo; Produção: Studios Kabako/ Virginie Dupray; Coprodução : KVS Theater / Bruxelles, KunstenFestivaldesarts / Bruxelles, Festival d’Automne à Paris, Maison des Arts de Créteil. Com o apoio de Theaterformen / Hanovre et Tanz im August / Internationales Tanzfest Berlin;  Apoio: DRAC Ile-de-France / Ministère de la Culture et de la Communication.

Bilhetes: €15 / descontos de 30% para maiores de 65 anos e de 50% para jovens até aos 25 anos; Duração: 1h40 sem intervalo; M/6